lunes, 29 de marzo de 2010

O menino

O menino vestiu o parangolé
E despiu-se de tudo o que era mais

martes, 23 de marzo de 2010

Sem título - escrito em 05.04.09

Minha vontade é deitar-me agora e dormir. Dormir muito, dormir dias seguidos. Sinto-me tão cansada e penso em quanto tempo ainda deve passar para que essa nuvem negra saia do meu horizonte e eu possa voltar a enxergar as verdadeiras cores da vida. Quero emergir desse ponto de vista obscuro em que me encontro agora. Quero conseguir fazer alguma coisa por mim mesma para deixar este martírio.
Estes dias não têm sido nada fáceis e às vezes sinto que estou perdendo o fôlego. Sinto como se fosse afogar, como se minhas forças não fossem suficientes para chegar até o fim.
A verdade é que agora quando sinto que minhas forças estão mais frágeis, sinto também lá no fundo uma sensação de que está acabando, de que estou mesmo chegando bem próximo do fim dessa crise que me avassala.
E o tempo anda passando rápido e logo chegará o fim de abril e com ele um pouco de sossego para mim. Mereço um pouco de paz, de estar bem comigo mesma, de continuar com meus amigos bem pertinho. Viajar. Estudar. Conversar. Passear. Namorar.
Quero tempo para mim, quero ser, quero viver, quero lembrar, me admirar, me assustar, me atirar na água gelada. Respirar fundo tentando fazer parar o coração, buscando fôlego lá no fundo, no fundo.
Ler, escrever e fotografar a vida. Amar a cada minuto, transbordar em cada risada. Atirar-me de cabeça apaixonadamente. Fumar um beck, fazer amor, fazer amor e fumar um beck. Fim de semana no Rio. Olhar-me no espelho e ver nascer uma ruga. Completar trinta anos. Comemorá-los em festa, com amigos até amanhecer. Permitir-me descansar, não querer, fica à toa. Morrer de tédio, embriagar-me, enamorar-me.
Seja lá o que isso for essa crise, tenho certeza de que para alguma coisa vai servir. Pelo menos o aprendizado fica, cravado em pedra, imutável. Silêncio.

martes, 16 de marzo de 2010

La rosa meditativa



Hoy quería escribir pero no tenía inspiración ninguna, no me salía ni una idea interesante. Entonces lo dejé. Pensé en intentar escribir algo mañana. Me vine a mi habitación y de repente miré un rollo de papel en un rincón que era nada menos que un cartel de La Rosa Meditativa de Dalí. Lo compré cuando estuve en España de vacaciones el junio pasado. En este viaje, que hice con mi querida amiga Berta, estuve por la primera vez en Figueres a visitar el Museo Casa Dalí. ¡El Museo es fenomenal! A mí Dalí siempre me ha encantado y por mucho tiempo no pude comprender por qué no estuve antes allí.
Después de mucho pensar, entendí que las situaciones en la vida pasan cuando tienen que pasar y sé que estuve en el Museo en el momento que tenía que haber estado. Creo que no pudiera disfrutar de esa experiencia como lo hice si no hubiera pasado por todo lo que pasé hasta llegar a aquél día. Los aprendizajes en la vida se van cumulando y a veces, sin darnos cuenta, nos despertamos para verdades que no habíamos visto todavía, sea por negación sea por falta de sabiduría. Yo suelo decir que hay cosas que necesitamos de otras cosas para comprender. El ejemplo más claro para mí es Fellini. He visto muchas películas de Fellini pero necesité ver muchas otras más de otros directores, épocas y estilos para comprenderlo. Para que me volviera fanática de Fellini como lo soy ahora tuve que conocer mucho más de la vida, no solo películas pero países, museos, obras de arte, literatura, música, arquitectura, etc. Las experiencias que vivimos van construyendo lo que somos y cuanto más larga se vuelve la historia, más fácil es comprenderla. Creo yo…
Desde que volví de viaje no más abrí La Rosa. Hace casi un año. Entonces hoy decidí abrirla y finalmente colgarla en la pared aunque no tenga marco. Me di cuenta de que me voy de esta casa en tres meses y medio y decidí que ya era el momento de traer mi Rosa a la vida. Quiero que hasta mi partida La Rosa haga mis días más llenos de colores, vida, brillo y magia. ¡Salve Dalí!

(Y a pesar de mi admiración por Dalí y mi amor por mi Rosa, tardé casi un año para sacarla a la luz. ¿Por qué? Todavía no lo sé. ¡Ahí está la vida para explicármelo luego!)

Deuxième pas

Primeiro publiquei a foto do passaporte. Agora não tenho foto para publicar, mas tenho novidade para contar: hoje fiz a pré-inscrição para o Cours de Civilization Française na Sorbonne e já estou cotando os preços da passagem.
É uma sensação emocionante. É como criar asas! Sinto-me alçando vôo, planando sobre a vida mais livre do que jamais estive.
Muitas vezes não compreendo bem o sentido de tanta fome de liberdade, mas sei que gosto muito de senti-la.
Acho que liberdade significa algo diferente para cada um e para mim, é isso: é viajar, é ver mundo, é conhecer gente diferente, falar outras línguas, fotografar lugares e escrever tudo o que vi. Alors, on y va! À Paris!

jueves, 11 de marzo de 2010

Rio Solamente

Paisaje roto - escrito em 04.05.09

El color gris del horizonte
Hiere los ojos cristalinos
Ahoga las lágrimas negras
¡Que picor ingrato y cruel!

El sol se baja y se esconde
Huye imperceptible
El amarillo ya no se
Le ve detrás de la cortina

Rota, sucia, impura, veneno
Fatal que rompe el paisaje
El azul ya no más está
Se cubrió de horror y se fue

Adelante siguen los días
Así, siempre tristes y pálidos
Lloran porque ya no se puede
Contemplar las estrellas en paz

martes, 9 de marzo de 2010

Azul...



... é a cor do nosso querido passaporte brazuca a partir de agora. Não gostei, mas sei que vou acabar me apegando a ele. Afinal, o mais importante é que ele é o primeiro passo para a minha próxima viagem. E já está na mão! Au revoir, Paris!

lunes, 8 de marzo de 2010

Soco no estômago

Esta manhã, enquanto voltava para a casa depois de um lindo final de semana no Rio de Janeiro, pensava sobre o que escreveria no post da segunda-feira. Achei que fosse falar do casamento do Pablo e do Miguel – que foi maravilhoso e emocionante –, que fosse falar da praia, do jantar que fizemos, até mesmo da experiência de voar pela primeira vez em um avião da Embraer. Pode ser que eu ainda escreva sobre tudo isso, mas algo que aconteceu hoje me chocou tanto que precisa sair de mim e muitas vezes só consigo me livrar de certas coisas quando escrevo sobre elas.
Hoje o meu aluno cancelou a aula na última hora e fui ao cinema assistir Os Inquilinos. No ônibus de ida para o cinema um cara me chamou atenção ao me pegar pela cintura. Eu me inclinei para guardar a carteira na bolsa, ele achou que eu estava caindo e tentou me segurar. Eu me assustei na hora, sobretudo depois de olhar para a cara do sujeito: ele era moreno e parecia uma pessoa normal, exceto pelo seu aspecto embriagado e olhos demasiado vermelhos. Disse a ele que não estava caindo e agradeci. Ainda fiz uma brincadeira em seguida porque de fato quase caí.
Depois desse ocorrido, comecei a prestar atenção na conversa desse homem com seus companheiros. Eram quatro, mas apenas um falava alto. Eu queria ter um gravador na hora para registrar aquela conversa. Vou tentar reproduzir aqui alguns trechos que consigo me lembrar:
- Mano, você viu lá na Avenida Sumaré morreram dois. Eu não sou doido de ficar dando mole lá na Sumaré. Outro dia eu vi o Peninha e o fulano lá tirado no chão. Morto. A polícia me perguntou se eu conhecia eles e falei que não. Não sou louco de falar que conheço os caras.
Enquanto ele falava, fiquei imaginando que se tratava de motoboys que morrem mesmo todos os dias ou de skatistas, sei lá. E continuei prestando atenção para entender do que se tratavam essas mortes. E mais uma parte do que consigo me lembrar:
- Mano, se você ficar dando mole lá na Avenida Sumaré, você vai morrer, velho! Você dá mole lá, nego te enche a cara de prego. Eu vi lá o Peninha e o fulano estirado na rua, a cara cheia de prego. E lá toda hora morre um!
Foi chocante escutar isso dentro de um ônibus, o dito transporte público, da boca de um sujeito claramente drogado que falava muito alto, não sei se para chamar a atenção ou por estar muito louco. Fiquei estupefata ao notar a violência tão perto, tão despida, tão natural, tão banal como um bate papo sobre futebol no ônibus de volta para a casa. Assusta-me muitas vezes perceber que vivo em uma bolha dentro de uma das cidades mais violentas do mundo, onde fico protegida não só da violência, com também da pobreza, da doença, da ineficiência das políticas públicas, dos ônibus lotados, do Sistema Público de Saúde. E lá fora, fora desta bolha cômoda e segura, está essa verdade nua e crua, escancarada para quem quiser ver.
Depois desse incidente, o filme Os Inquilinos – que, aliás, é imperdível – dá outro soco seco no estômago com mais um espetáculo cotidiano de violência nesta São Paulo fora da bolha, um verdadeiro universo paralelo povoado por gente boa e trabalhadora que sofre por não ter influência no terror que cerca e invade.
E pergunto-me: até quando vamos fingir que é possível continuar acolhidos dentro da bolha, como se nada do que acontece lá fora fosse da nossa conta? Até quando vamos assistir a violência da janela blindada dos nossos carros, como se fosse cena de filme? Até quando vamos suportar a culpa por ver tudo isso e ter consciência, mas continuar a não fazer nada para mudar? Falo por mim mesma, inclusive.
Fica aí esse desabafo manifesto que eu gostaria que provocasse pelo menos uma reflexão sobre o papel e a responsabilidade de cada um. Uma reflexão sobre o que podemos fazer para melhorar essa bagunça que nós seres humanos estamos fazendo no mundo. Acredito que cada um sempre pode fazer um pouquinho. Um mundo melhor para todos é a única solução.

jueves, 4 de marzo de 2010

"Ensaio sobre a cegueira"

- Moça, num sô ladrão não. Moro na rua e tô com fome. Paga uma comida pra mim.
- Não tenho trocado.
- Mas tô com fome, moro na rua. Num sô ladrão não.
- E por que você mora na rua?
- Eu num sô daqui não. Sô do Maranhão, vim pra cá pra ganhar a vida e acabei na rua.
- E por que você não volta pra casa?
- Porque num tenho dinheiro nem pra comer, moça.

martes, 2 de marzo de 2010

No abrigo do meu lar - escrito em 05.04.09

Meu amigo secreto
Estas linhas não são as mesmas
Se não és o outro meu

Despi-me da maquiagem
Acabou-se o carnaval
Mais um ano se passou

Evoco a ti, companheiro meu
Ombro amigo escondido
Boa noite. Durma bem

Despeço-me e agradeço
A ti por me desafiar
Às estrelas por ali sempre estar

Vou-me agora, tenho sono
Tenho pressa, tenho fé
E os sonhos que virão