jueves, 4 de noviembre de 2010

La hija del castaño

Desde pequeña a Lucía le decían que había nacido de una castaña. La niña pasó largo tiempo inventándose historias de reinos fantásticos y seres mágicos para entender de donde venía. Cuando estaba ya convencida de que era hija de hadas y faunos, tuvo lecciones sobre reproducción humana. Volvió a casa rompiéndose en lágrimas a exigirles una explicación a sus padres. Le dijeron que ya no podían ocultarle la verdad: había sido adoptada. La historia de la castaña era un chiste que contaron entre amigos del cual ella no se debería haber enterado. Lucía no soportó la verdad. Cogió su bicicleta y huyó de casa. No paró en el primer cruce, tampoco en el segundo y en el tercero, la tragedia. Fue atropellada bajo un castaño. Su cuerpecito ya sin vida se quedó tirado a la sombra del árbol y como en sueño Lucía pudo volver por fin a su reino encantado.

jueves, 28 de octubre de 2010

Em um lugar ou tempo qualquer

Hoje faz exatamente dez anos que você partiu para outro mundo. Você desapareceu assim sem mais, deslumbrante e no seu auge, como uma estrela. Como não podia deixar de ser.
Muitas coisas passaram nesses anos todos, mas sei que não preciso contar-lhe nada, afinal, sei bem que você nunca nos deixou. Só mudou de plano ou de dimensão, sei lá. Talvez tenha ido viver em um planeta menos cruel que o nosso, onde as pessoas são melhores que nós.
Tudo que sei é que durante todo esse tempo guardei você no meu coração como um tesouro secreto. Não houve um dia em que não tenha pensado em você, falado com você e até mesmo sentido você. Quase todos os dias, procuro a estrela mais brilhante no céu e sei que é lá que você está. E então, eu converso com você, rezo para você, peço ajuda, conselhos e, sobretudo, agradeço. Porque sei que não houve um só dia em que você não estivesse lá por mim.
Em todo esse tempo você foi meu alicerce, minha fonte de força e confiança, minha coragem e minha fé. Todos os dias inspiro-me na mulher que você foi e em tudo o que você realizou para seguir em frente. Suas ações fazem o bem até hoje e todos se lembram de você com muito amor e admiração.
Mas, como todo ser humano, sou egoísta. Queria que você ainda estivesse nesta terra, queria ainda poder ver-lhe, tocar-lhe e ouvir sua voz. E é por isso que em dias como hoje eu choro e fico muito triste. A dor que sinto é a mesma de dez anos atrás e sei que nunca vai mudar. Às vezes ela vai e fica um tempão sem aparecer e às vezes volta cortante como um punhal. E quando é assim, eu deixo que ela venha, que tente me arrebatar, porque sei que ela não pode.
Uma pessoa amada só morre se nós a deixamos morrer. Eu sei que o amor que trago dentro de mim é suficiente para manter-lhe viva enquanto eu mesma viver. E todos os dias tenho que respirar fundo e lembrar-me disso para que a tristeza se transforme em fé, naquilo que me faz ter a certeza de que lhe tenho a poucos milímetros de distância. Muito mais perto talvez do que se você ainda estivesse no mesmo plano que eu.
Acho que você era boa demais para este mundo e por isso foi embora antes. E talvez este prematuro seja apenas para nós, simples criaturas, que ainda habitamos um mundo onde a cor da pele e o dinheiro ainda são mais importantes do que os seres humanos.
Mesmo assim, eu quero continuar aqui, quero escrever algo mais nesta história. Quero construir, agregar, aprender, ensinar, reproduzir. Quero ter a sua força, a sua luz, a sua esperança.
Obrigada por ser meu anjo.
Obrigada por ter me dado a vida.
Obrigada por ser minha mãe.

martes, 13 de abril de 2010

El angelito

El otro día me encontré con un angelito de ala rota. Le pregunté qué le había pasado y por qué estaba paseando por esta tierra. Me dijo que se había roto el ala intencionalmente porque quería venir al mundo de los hombres en búsqueda del amor en todas las cosas.
Sentí lástima por él, el pobre se había vuelto casi humano para venir a este mundo en búsqueda de algo que está tan perdido que a muchos les falta y a otros tampoco les ha pasado. Y le pregunté si lo había encontrado.
- Claro que sí! – me contestó con una sonrisa tan entusiasmada que no pude creer y tampoco comprender.
- Pero, angelito, ¿no ves como somos malos en esta tierra, no ves que muchas veces queremos matar al otro y no dedicarle cariño y comprensión?
- Pues yo creo que el problema de la gente en este mundo no es falta de amor, sino exceso de ceguera. Mira esta flor, mira el cielo, la puesta del sol, la sonrisa de este niño. ¿Qué puede ser esto sino el amor en su forma más pura y delicada?
El angelito estaba tan seguro de lo que decía que tampoco pude contestarle. Entonces miré en lo más fundo de sus dulces ojos y lo que vi me sorprendió tanto que mi vida cambió desde entonces.
En sus ojos, en sus lindos ojos verdes, vi reflejada mi propia imagen. Me vi a misma en una forma tan bella, tan perfecta, tan completa que comprendí inmediatamente todo lo que buscaba el angelito.
Allí estaba el amor, todo el amor del mundo. El amor que transforma lo feo en bello, lo enfermo en sano, lo imperfecto en la más pura perfección.
Y desde ese momento no pude más dejar al angelito y a su lado estoy todo el tiempo. Juntos seguimos todos los días buscando el amor en todas las cosas.

lunes, 29 de marzo de 2010

O menino

O menino vestiu o parangolé
E despiu-se de tudo o que era mais

martes, 23 de marzo de 2010

Sem título - escrito em 05.04.09

Minha vontade é deitar-me agora e dormir. Dormir muito, dormir dias seguidos. Sinto-me tão cansada e penso em quanto tempo ainda deve passar para que essa nuvem negra saia do meu horizonte e eu possa voltar a enxergar as verdadeiras cores da vida. Quero emergir desse ponto de vista obscuro em que me encontro agora. Quero conseguir fazer alguma coisa por mim mesma para deixar este martírio.
Estes dias não têm sido nada fáceis e às vezes sinto que estou perdendo o fôlego. Sinto como se fosse afogar, como se minhas forças não fossem suficientes para chegar até o fim.
A verdade é que agora quando sinto que minhas forças estão mais frágeis, sinto também lá no fundo uma sensação de que está acabando, de que estou mesmo chegando bem próximo do fim dessa crise que me avassala.
E o tempo anda passando rápido e logo chegará o fim de abril e com ele um pouco de sossego para mim. Mereço um pouco de paz, de estar bem comigo mesma, de continuar com meus amigos bem pertinho. Viajar. Estudar. Conversar. Passear. Namorar.
Quero tempo para mim, quero ser, quero viver, quero lembrar, me admirar, me assustar, me atirar na água gelada. Respirar fundo tentando fazer parar o coração, buscando fôlego lá no fundo, no fundo.
Ler, escrever e fotografar a vida. Amar a cada minuto, transbordar em cada risada. Atirar-me de cabeça apaixonadamente. Fumar um beck, fazer amor, fazer amor e fumar um beck. Fim de semana no Rio. Olhar-me no espelho e ver nascer uma ruga. Completar trinta anos. Comemorá-los em festa, com amigos até amanhecer. Permitir-me descansar, não querer, fica à toa. Morrer de tédio, embriagar-me, enamorar-me.
Seja lá o que isso for essa crise, tenho certeza de que para alguma coisa vai servir. Pelo menos o aprendizado fica, cravado em pedra, imutável. Silêncio.

martes, 16 de marzo de 2010

La rosa meditativa



Hoy quería escribir pero no tenía inspiración ninguna, no me salía ni una idea interesante. Entonces lo dejé. Pensé en intentar escribir algo mañana. Me vine a mi habitación y de repente miré un rollo de papel en un rincón que era nada menos que un cartel de La Rosa Meditativa de Dalí. Lo compré cuando estuve en España de vacaciones el junio pasado. En este viaje, que hice con mi querida amiga Berta, estuve por la primera vez en Figueres a visitar el Museo Casa Dalí. ¡El Museo es fenomenal! A mí Dalí siempre me ha encantado y por mucho tiempo no pude comprender por qué no estuve antes allí.
Después de mucho pensar, entendí que las situaciones en la vida pasan cuando tienen que pasar y sé que estuve en el Museo en el momento que tenía que haber estado. Creo que no pudiera disfrutar de esa experiencia como lo hice si no hubiera pasado por todo lo que pasé hasta llegar a aquél día. Los aprendizajes en la vida se van cumulando y a veces, sin darnos cuenta, nos despertamos para verdades que no habíamos visto todavía, sea por negación sea por falta de sabiduría. Yo suelo decir que hay cosas que necesitamos de otras cosas para comprender. El ejemplo más claro para mí es Fellini. He visto muchas películas de Fellini pero necesité ver muchas otras más de otros directores, épocas y estilos para comprenderlo. Para que me volviera fanática de Fellini como lo soy ahora tuve que conocer mucho más de la vida, no solo películas pero países, museos, obras de arte, literatura, música, arquitectura, etc. Las experiencias que vivimos van construyendo lo que somos y cuanto más larga se vuelve la historia, más fácil es comprenderla. Creo yo…
Desde que volví de viaje no más abrí La Rosa. Hace casi un año. Entonces hoy decidí abrirla y finalmente colgarla en la pared aunque no tenga marco. Me di cuenta de que me voy de esta casa en tres meses y medio y decidí que ya era el momento de traer mi Rosa a la vida. Quiero que hasta mi partida La Rosa haga mis días más llenos de colores, vida, brillo y magia. ¡Salve Dalí!

(Y a pesar de mi admiración por Dalí y mi amor por mi Rosa, tardé casi un año para sacarla a la luz. ¿Por qué? Todavía no lo sé. ¡Ahí está la vida para explicármelo luego!)

Deuxième pas

Primeiro publiquei a foto do passaporte. Agora não tenho foto para publicar, mas tenho novidade para contar: hoje fiz a pré-inscrição para o Cours de Civilization Française na Sorbonne e já estou cotando os preços da passagem.
É uma sensação emocionante. É como criar asas! Sinto-me alçando vôo, planando sobre a vida mais livre do que jamais estive.
Muitas vezes não compreendo bem o sentido de tanta fome de liberdade, mas sei que gosto muito de senti-la.
Acho que liberdade significa algo diferente para cada um e para mim, é isso: é viajar, é ver mundo, é conhecer gente diferente, falar outras línguas, fotografar lugares e escrever tudo o que vi. Alors, on y va! À Paris!

jueves, 11 de marzo de 2010

Rio Solamente

Paisaje roto - escrito em 04.05.09

El color gris del horizonte
Hiere los ojos cristalinos
Ahoga las lágrimas negras
¡Que picor ingrato y cruel!

El sol se baja y se esconde
Huye imperceptible
El amarillo ya no se
Le ve detrás de la cortina

Rota, sucia, impura, veneno
Fatal que rompe el paisaje
El azul ya no más está
Se cubrió de horror y se fue

Adelante siguen los días
Así, siempre tristes y pálidos
Lloran porque ya no se puede
Contemplar las estrellas en paz

martes, 9 de marzo de 2010

Azul...



... é a cor do nosso querido passaporte brazuca a partir de agora. Não gostei, mas sei que vou acabar me apegando a ele. Afinal, o mais importante é que ele é o primeiro passo para a minha próxima viagem. E já está na mão! Au revoir, Paris!

lunes, 8 de marzo de 2010

Soco no estômago

Esta manhã, enquanto voltava para a casa depois de um lindo final de semana no Rio de Janeiro, pensava sobre o que escreveria no post da segunda-feira. Achei que fosse falar do casamento do Pablo e do Miguel – que foi maravilhoso e emocionante –, que fosse falar da praia, do jantar que fizemos, até mesmo da experiência de voar pela primeira vez em um avião da Embraer. Pode ser que eu ainda escreva sobre tudo isso, mas algo que aconteceu hoje me chocou tanto que precisa sair de mim e muitas vezes só consigo me livrar de certas coisas quando escrevo sobre elas.
Hoje o meu aluno cancelou a aula na última hora e fui ao cinema assistir Os Inquilinos. No ônibus de ida para o cinema um cara me chamou atenção ao me pegar pela cintura. Eu me inclinei para guardar a carteira na bolsa, ele achou que eu estava caindo e tentou me segurar. Eu me assustei na hora, sobretudo depois de olhar para a cara do sujeito: ele era moreno e parecia uma pessoa normal, exceto pelo seu aspecto embriagado e olhos demasiado vermelhos. Disse a ele que não estava caindo e agradeci. Ainda fiz uma brincadeira em seguida porque de fato quase caí.
Depois desse ocorrido, comecei a prestar atenção na conversa desse homem com seus companheiros. Eram quatro, mas apenas um falava alto. Eu queria ter um gravador na hora para registrar aquela conversa. Vou tentar reproduzir aqui alguns trechos que consigo me lembrar:
- Mano, você viu lá na Avenida Sumaré morreram dois. Eu não sou doido de ficar dando mole lá na Sumaré. Outro dia eu vi o Peninha e o fulano lá tirado no chão. Morto. A polícia me perguntou se eu conhecia eles e falei que não. Não sou louco de falar que conheço os caras.
Enquanto ele falava, fiquei imaginando que se tratava de motoboys que morrem mesmo todos os dias ou de skatistas, sei lá. E continuei prestando atenção para entender do que se tratavam essas mortes. E mais uma parte do que consigo me lembrar:
- Mano, se você ficar dando mole lá na Avenida Sumaré, você vai morrer, velho! Você dá mole lá, nego te enche a cara de prego. Eu vi lá o Peninha e o fulano estirado na rua, a cara cheia de prego. E lá toda hora morre um!
Foi chocante escutar isso dentro de um ônibus, o dito transporte público, da boca de um sujeito claramente drogado que falava muito alto, não sei se para chamar a atenção ou por estar muito louco. Fiquei estupefata ao notar a violência tão perto, tão despida, tão natural, tão banal como um bate papo sobre futebol no ônibus de volta para a casa. Assusta-me muitas vezes perceber que vivo em uma bolha dentro de uma das cidades mais violentas do mundo, onde fico protegida não só da violência, com também da pobreza, da doença, da ineficiência das políticas públicas, dos ônibus lotados, do Sistema Público de Saúde. E lá fora, fora desta bolha cômoda e segura, está essa verdade nua e crua, escancarada para quem quiser ver.
Depois desse incidente, o filme Os Inquilinos – que, aliás, é imperdível – dá outro soco seco no estômago com mais um espetáculo cotidiano de violência nesta São Paulo fora da bolha, um verdadeiro universo paralelo povoado por gente boa e trabalhadora que sofre por não ter influência no terror que cerca e invade.
E pergunto-me: até quando vamos fingir que é possível continuar acolhidos dentro da bolha, como se nada do que acontece lá fora fosse da nossa conta? Até quando vamos assistir a violência da janela blindada dos nossos carros, como se fosse cena de filme? Até quando vamos suportar a culpa por ver tudo isso e ter consciência, mas continuar a não fazer nada para mudar? Falo por mim mesma, inclusive.
Fica aí esse desabafo manifesto que eu gostaria que provocasse pelo menos uma reflexão sobre o papel e a responsabilidade de cada um. Uma reflexão sobre o que podemos fazer para melhorar essa bagunça que nós seres humanos estamos fazendo no mundo. Acredito que cada um sempre pode fazer um pouquinho. Um mundo melhor para todos é a única solução.

jueves, 4 de marzo de 2010

"Ensaio sobre a cegueira"

- Moça, num sô ladrão não. Moro na rua e tô com fome. Paga uma comida pra mim.
- Não tenho trocado.
- Mas tô com fome, moro na rua. Num sô ladrão não.
- E por que você mora na rua?
- Eu num sô daqui não. Sô do Maranhão, vim pra cá pra ganhar a vida e acabei na rua.
- E por que você não volta pra casa?
- Porque num tenho dinheiro nem pra comer, moça.

martes, 2 de marzo de 2010

No abrigo do meu lar - escrito em 05.04.09

Meu amigo secreto
Estas linhas não são as mesmas
Se não és o outro meu

Despi-me da maquiagem
Acabou-se o carnaval
Mais um ano se passou

Evoco a ti, companheiro meu
Ombro amigo escondido
Boa noite. Durma bem

Despeço-me e agradeço
A ti por me desafiar
Às estrelas por ali sempre estar

Vou-me agora, tenho sono
Tenho pressa, tenho fé
E os sonhos que virão

domingo, 28 de febrero de 2010

Oração


Obrigada senhor por este domingo de ócio e chuva. Obrigada por esta vista que alcanço desde a janela do meu quarto. Obrigada pelo céu e pelo canto dos pássaros. Obrigada pela minha casa nova. Obrigada pelos meus alunos, amigos, família. Obrigada pela saúde. Obrigada por ter ficado o tempo todo ao meu lado mesmo nos momentos de maior perrengue. Obrigada por me dar fé, por me fazer acreditar e por nunca me falhar. Obrigada por estender a mão em cada vez que caí e que pedi desculpas. Obrigada por me deixar errar de vez em quando. Obrigada pelo vinho, pelos dotes culinários. Por todos estes livros maravilhosos. Obrigada por todos os filmes que assisti, todas as músicas que escutei e todos os bailes que dancei. Obrigada pelo Carnaval, pelo Rio de Janeiro. Obrigada por sempre mandar alguém para me acudir, para dar um conselho ou até mesmo uma bronca. Obrigada por me mandar companhia em todos os momentos em que me senti só. Obrigada por me dar força e coragem. Obrigada pelos sonhos. Obrigada pelo amor. Obrigada por tudo. Amém.

Platônico Paco

Ele era o chefe. E eu, o que era eu naquela época nem sei. Sei o que queria. Queria o chefe. E ao mesmo tempo em que queria não queria ou não sabia se queria. Mas tentava: tentativa, tentação. Produzida no escritório, de saia, sentava em cima de sua mesa. Você está bonita hoje!
Platônico. Era platônico.
Ele era meu amigo, contava-me tudo. As crises no casamento, as brigas com a mulher. A separação – minha chance –, a saudade do filho. Angústias, dificuldade de entender, dureza de superar. E situação pouco favorável no escritório. Está tudo desabando, Eliza. Sua vida sucumbia.
Eu fui embora. Cruzei o Atlântico. E ele foi lá, esteve em Madrid. E nos encontramos. Vinhos e tapas. Ele estava separado. Ele já não era mais o chefe. Ele me acompanhou até a estação de metrô. Fui-me. Olhando para trás, esperando. Mas, nada. Partida sem beijo.
Platônico. Todavia platônico.
Três anos, quase três anos depois. Vamos repetir aquele vinho de Madrid? Platônico. Claro, sexta-feira, na minha casa.
Ele abriu a porta: – Oi Eliza. Como se tivesse me esperado sempre. Como se soubesse desde sempre que eu ia chegar naquela noite. Entrei. A casa um buraco de Alice. Uma casa ao redor. Espiral, salas e quartos girando em volta. Obras de arte, imagens sagradas e profanas, meditação. E uma bela cave, grande, cheia. Um bom vinho.
Ele contou que a vida ia bem. Ele se consertou. Superou, aprendeu, cresceu. E eu queria. E ao mesmo tempo em que queria não queria ou não sabia se queria.
Não houve tempo para vacilar. Agarrou-me, beijou-me, levou-me para a cama. Espera, deixa processar. Processar o quê? Cama. Sexo. Sexo. Sexo.
Ele era gostoso. Muito gostoso. O ex chefe, o amigo, aquele que eu não sabia se queria, tantos anos depois. Surpreendeu. Ele quis, eu quis, e fizemos tudo. Tudo.
Consumado. Foi consumado.
Posso dormir aqui?

Ele não me deu bom dia. Ele não me beijou. No dia seguinte: parece até que dormiu comigo! Risos. Café da manhã na padoca. Carona para ir embora.
Ele parou o carro em frente à minha casa. Agora sim um beijo. Despedida com beijo. Ciao Eliza.
Acabou. Parece que acabou.
Platônico.

viernes, 26 de febrero de 2010

Tudo se remenda - escrito em 03.03.09

Nesta madrugada o cartaz do filme Gilda que tenho colado sobre a cabeceira da minha cama caiu em cima de mim enquanto eu dormia. Numa atitude assim meio assustada, meio dormida, tentei despregar a parte de baixo do cartaz e acabei rasgando-o de fora a fora.
É um cartaz de papel, sequer o coloquei na moldura, mas tem um valor sentimental imenso. Flertei com ele num dia em que passeava com minha amiga Sonia pelas ruas do bairro Tribunal em Madrid. Entramos numa lojinha que vendia diversos artefatos com temas cinematográficos para dar uma olhadinha. Eu – que sempre soube que nunca existiu uma mulher como Gilda – comentei com a Sonia o quanto gostava daquele filme. Alguns meses depois, ela e o David me deram o cartaz de aniversário. Amei!
No dia em que eu voltava para o Brasil, depois de morar um ano em Madrid, sofri um pequeno acidente no taxi que me levava para o aeroporto e o cartaz quase se partiu ao meio, mas sobreviveu.
Quando me instalei neste quartinho maravilhoso, nesta casinha que tanto gosto, coloquei Gilda velando meus sonhos. Os resquícios do acidente ficaram quase imperceptíveis e até faziam parte do glamour dessa peça.
Eu fiquei tão chateada quando percebi o estrago que tinha feito no cartaz que nem quis pensar no assunto. Fui trabalhar logo cedo e só voltei a me lembrar dele quando voltei para casa, bem tarde. Contei para a minha amiga o que tinha acontecido e disse a ela: Uai, vou colar, né?! Tudo se remenda! E fui consertar o cartaz com o maior capricho, tentando esconder as marcas ao máximo. Colei com fita adesiva no verso e na frente colori com caneta preta as linhas brancas que se destacavam no fundo escuro. Agora que está escuro, a cicatriz quase não aparece. Vamos ver o que acontece quando o dia clarear.
E fica aqui a pergunta: será mesmo que tudo se remenda? Se é mesmo um remendo, estamos assumindo que já não mais será igual. Será costurado, colado, consertado, terá manchas, cicatrizes, rachaduras. E, pensando bem, acho que a vida é mesmo assim. Cada rasgo no coração ou cada corte no pé vão virando sinais dos reparos que temos que fazer. E esses remendos tornam-se parte da nossa história que no final acaba formando uma imensa colcha de retalhos.

miércoles, 24 de febrero de 2010

Estou quase conseguindo esquecer que você existe

Mas, tenho certeza que só conseguirei fazê-lo depois que colocar no papel tudo o que tenho vontade de falar para você.
Você quer saber o que acho de você?
Covarde.
Por quê? Porque você é um cara que morre de vontade de se casar e não conseguiu superar o trauma de ter sido “abandonado no altar” duas vezes. Para mim está muito claro que você continua com esse namoro agora, que é o maior erro da sua vida – repetindo suas próprias palavras – porque você não consegue ficar sozinho. Com medo de se envolver, fica enganando sua namorada e a si próprio continuando essa relação onde não existe amor, nem compromisso, nem lealdade. Para quê, então? Por covardia, por receio de arriscar se envolver com outra pessoa e ser deixado outra vez.
Snob.
Por quê? Quando digo snob, não o digo no sentido de alguém que gosta de mostrar que é rico ou que esbanja dinheiro. O que percebi em você foi uma necessidade muito grande de ser o melhor, de fazer o melhor, de saber tudo, de fazer as melhores viagens, de ir aos melhores lugares. Até agora não entendi por que você fez uma faculdade de gastronomia. Será que um curso não seria suficiente? Não sei se é por sua origem simples ou por outras razões, mas acho que sua necessidade de provar que pode se superar é exagerada e pode estar atrapalhando a sua vida. Será que você quer mesmo ir morar na Venezuela? E tem mais, quando você canta, não tem nada seu, é pura imitação.
Mentiroso.
Por quê? Porque você me disse “Te quero”, me disse “Te adoro”. Disse que ia para Belo Horizonte me ver e não foi. Você mentiu quando consolou minhas lágrimas dizendo que eu poderia contar com você se precisasse. Você me mandou mensagens todos os dias, estava presente o tempo todo enquanto eu estava viajando. Você me manipulou como a um fantoche. E eu caí como uma pata. Você mentiu quando disse que ia resolver a história com a sua namorada. Você se demonstrou apaixonado e depois veio me dizer que não queria se envolver comigo porque eu iria embora logo e que não ia terminar com sua namorada coisa nenhuma.
E você me abandonou quando mais precisei de você. Quando chorei, quando disse que precisava conversar com você, você evaporou. E o pior de tudo é que mentiu de novo, disse que ia me procurar. Aí você foi sacana. Nem nessa hora você foi capaz de dizer a verdade. Por que você não me disse que não tinha mais o que conversar comigo? Por que me deixou esperando até você voltar da Europa e me dizer “Te adoro” e “Saudades” de novo e nunca me procurar. Você não teve coragem sequer de me perguntar se eu estava bem. Não, Rogério, “Espero que você esteja bem” é ridículo! Por que, cojones, você não me pergunta se estou bem?
Louco.
Por quê? Aí sou eu quem pergunta: por que você fez isso comigo? Por que você me iludiu? Por que me levou para jantar e disse que meu olhar era invasivo? Por que me disse que estava encantado comigo? Por que me disse que ia para BH me ver? Isso foi cruel, Rogério. Só uma pessoa apaixonada faria isso.
Você também não me seduziu por sexo. Se você quisesse, poderia ter transado comigo. Mas não, preferiu dizer que era melhor esperar a hora certa. Então, por quê, por que você brincou comigo desse jeito? Você é louco! É a única explicação existente.
Rogério, você é um homem inteligente e interessante. Acho que você conquistou muitas coisas com seu próprio esforço e isso é admirável. Mas, isso não te dá o direito de brincar com os sentimentos dos outros, nem de manipular as pessoas para seu bel prazer.
Eu não gosto mais de você. Nem sei se deu tempo de gostar, na verdade. Foi tão rápido. Ainda bem. Aliás, te agradeço por isso, agradeço por você ter desaparecido logo antes de me causar males maiores. Agradeço por você não ter me iludido e nem mentido para mim por mais tempo.
Sei que você não vai acreditar, mas eu não queria te insultar. Eu não queria dizer que você é mentiroso. Mas você não me deu alternativa. Depois daquela mensagem que você mandou agradecendo meu email de felicitações pelo seu aniversário dizendo “Te adoro” estou com raiva de você. Raiva. Raiva. Não consigo me livrar dessa raiva. E sabia que só ia me livrar dela depois que te falasse tudo isso. Você merece ouvir.
Hijoeputa!
Engole essa raiva que foi você quem provocou.
Nem se atreva a responder este email. Não quero nunca mais te ver na minha vida. Me esquece!
Eliza

O choro do céu - escrito em 08.02.2009

Não pára de chover há dias. Já começo a sentir aquela sensação de que vou mofar como um armário velho e úmido. Mas, esta tarde parei para pensar que desta vez a chuva não está me incomodando como de costume. Pelo contrário, estou gostando de vez em quando de ficar simplesmente olhando a chuva cair, ouvindo, sem pensar em nada.
Não faz frio e o frio é o que me sacrifica mais. Sinto falta do sol, mas ele tem aparecido esses dias. E acho que é por isso que ainda não mofei.
Ando gostando da chuva estes dias porque me dá a sensação de que o mundo está compartilhando comigo esse momento difícil que estou passando. Dizem que a chuva é o choro do céu, não é mesmo?
E uma das partes difíceis do momento difícil é admitir um instante de fraqueza, assumir que você não está bem, que apesar de não ter nada de errado com a sua vida, apesar de você saber que é uma pessoa de sorte e privilegiada, não, você não está feliz.
Isto às vezes é necessário, todo mundo tem o direito de um dia se sentir perdido, sem saber se está fazendo a coisa certa, com medo de não conseguir. E admitir ajuda a lembrar que passa, que tudo passa e em breve serão outros sóis ou outras chuvas e que aquela pessoa que estará ali sentindo os pingos na pele também já não será a mesma.
Esta é a minha declaração de hoje: não estou bem, não estou nada bem. Mas, estou otimista e tentando ter calma e paciência até que os ventos mudem.

martes, 23 de febrero de 2010

El cielo de Madrid - 17.08.2007 às 21h44

Sábado ao som de Janis

Numa tarde preguiçosa de sábado pai e filhos estavam dispersos pela sala de casa, cada um concentrado em seus afazeres. Ao fundo Janis Joplin os entretinha. De repente, o pai diz:
- Essa foi a primeira mulher louca que existiu.
O comentário foi tão insignificante e ao mesmo tempo tão sem sentido que ninguém se atreveu a levantar os olhos. Somente a filha mais velha, que jamais perderia a oportunidade de explorar melhor esse tipo de observação do pai, provocou:
- Como assim, pai? E a Cleópatra? E a Marylin Monroe que era amante do presidente? Elas não eram loucas?
Resignado com a pouca experiência de vida da filha, o pai responde:
- É... Mas não gritavam desse jeito.

lunes, 22 de febrero de 2010

Me calentaste el invierno - escrito en 07.08.2007

Pedro,
Cuántas veces intenté escribir nuestra historia con el deseo de no olvidar lo bonita que fue y no lo pude hacer. Y ahora, así sin más, me vino una inspiración y he escrito lo que encontrarás en seguida. Son las palabras más sinceras de mi corazón que escribo para ti, mi querido.
Tú me quitaste la soledad, me calentaste el invierno, me hiciste enamorarme aún más de Madrid. Tú me deseaste como siempre quise ser deseada, hiciste el amor conmigo con tanta intensidad que casi me llevaste a las estrellas. Tú me cuidaste.
Conociste los más grandes secretos de mi alma, compartiste mi dolor más profundo y lloraste mi llanto más desolado. Nuestras almas estaban conectadas, nuestros corazones desesperados de amor y nuestros cuerpos aturdidos de deseo.
Yo no supe controlar mis sentimientos, me sentía débil, tenía baja auto estima y creo que terminaba exigiendo de ti la cura para mis frustraciones académicas y profesionales. No sé lo que pasó con nosotros. Creo que de verdad somos incompatibles, tenemos diferencias muy importantes y no estamos hechos uno para el otro. Pero, fui muy feliz a tu lado.
Cuando me dejaste estuve al borde del desespero. Ahora miro hacia atrás y de verdad no sé como lo he superado. Sufrí mucho, sentí la soledad más profunda de mi vida, era como si no tuviera nada más.
Una vez más fui fuerte. Busqué mis fuerzas que nunca dejé de creer que existían y volví a ser yo misma. Volví a estar con mis amigos, a disfrutar los pequeños placeres y logré mi éxito profesional. Me enamoré de la vida de nuevo.
Pero aún así no hubo un día en el que no haya pensado en ti. Cuando todavía me dolía el corazón, peleaba con mis memorias y las ahuyentaba. Ahora me permito recordármelo todo. De cada vez que hicimos el amor, de cada mañana que me desperté a tu lado, los desayunos, las películas, los porros, nuestro viaje…
Y todo lo que pienso es en lo afortunados que fuimos nosotros por encontrarnos así, con el corazón escancarado, listos para dejar el amor absorbernos.
Cuando me buscaste por primera vez después de nuestra última conversación y me dijiste que quería quedar, me enfadé muchísimo contigo. Creía que no tenías el derecho de venir a por mí después de que yo salí de tu casa llorando de desespero porque me habías dejado.
Pero ahora las cosas han cambiado. Pedro, me voy de Madrid para no más volver. Tú estás en Argentina y cuando vuelvas tendremos apenas un mes antes de que yo me vaya para siempre. No sé si vamos a volver a vernos después que yo me vaya.
Y por eso he decidido escribirte, para decirte que tu eres parte de mi vida. Te voy a llevar conmigo siempre como un maravilloso recuerdo de un maravilloso año que he vivido en esa ciudad increíble que es Madrid.
Haz contacto conmigo cuando vuelvas. Vamos a quedar, sí! Pero ahora de verdad, vamos a aprovechar el tiempo que tenemos para cultivar esa amistad que ahora estoy lista para encarar.
No te preocupes conmigo, estoy muy feliz y en paz con la decisión que he tomado. Y no te asustes con todo eso, solo quería abrir mi corazón para ti y decirte lo importante que eres para mí.
Vuelve pronto.
Te quiero.

domingo, 21 de febrero de 2010

La vida secreta de las palavras

Hoje eu assisti a um filme chamado La vida secreta de las palabras (2005) da diretora espanhola Isabel Coixet, produzido pela El Deseo, produtora de Agustín e Pedro Almodóvar. Da mesma diretora, Mi vida sin mí (2003) é maravilhoso, super recomendo.
La vida secreta da las palavras deixou-me completamente confusa, mas confusa de uma forma positiva porque me fez refletir muito ao mostrar-me uma perspectiva da vida na qual eu nunca tinha pensado nem visto antes. A história é contada de uma forma tão simples, tão natural, que no início fica difícil compreender certos fatos. Aos poucos o enredo desvela-se de forma surpreendente. O adjetivo a que consegui chegar para descrever esse filme é: desolador. Não pensei no filme o dia todo, mas acho que de alguma forma ele ficou me rondando até que eu consegui traduzir em uma palavra o que mais me marcou. E foi isso, a desolação. Vale a pena tentar vivenciar a experiência da protagonista através das lentes da diretora. Literalmente, porque é todo filmado com câmera na mão da própria diretora que é também câmera. Assistam, é uma linda obra!

Ya no - escrito em 07.04.2009

Ya no me encuentro
Aquí, no quepo
No sirvo, no valgo

Ya no me gusta
No me completa
No tiene sentido

¿Adónde voy?
¿Qué es lo que busco?
¿A mí me entiendes?

Ya no me oyes
Tampoco me ves
¿Qué quieres que te diga?

Ya no lo sé yo
No lo sabes tú
¿Y nosotros qué?

Rioterapia - escrito em 10.10.2009

Sentei-me para tentar escrever qualquer coisa sobre a viagem. É engraçado escrever sobre a viagem no momento em que ela está ainda acontecendo.
As viagens para o Rio de Janeiro mudam de matiz de acordo com o tempo, a companhia, o bairro, a droga.
Desde que comecei a vir para o Rio ficar na casa do Pablo o matiz tem sido interessantemente diverso, agradável, curativo de fato. Por isso digo que se chama Rioterapia e também por essa razão tento registrar a experiência enquanto ela acontece.
Ultimamente não tenho escrito muito. Passei uns dias sem entender o que estava acontecendo comigo. Andei meio triste e não era por trabalho, nem por dinheiro, nem por estar me sentindo sozinha. E de repente me vi sentindo falta de ter um homem, um companheiro para dividir a vida e as dívidas. Prazer e momentos difíceis.
Andei pensando muito nos últimos tempos sobre o fato de ter passado a maior parte de minha vida solteira. E o fato é que sempre fiz o que quis na vida, fui atrás do meu coração pedia, enfrentei o mundo. Apaixonei-me várias vezes, em vários lugares do mundo, por meninos e meninas, fiz amor em becos atenienses e barceloneses, com tchecos, argentinos e escoceses. Falei espanhol, inglês, francês. Viajei e conheci pessoas diferentes, com diferentes paixões, opiniões e decisões. Aprendi a ser feliz na companhia de mim mesma e aprendi a cultivar muitos amigos queridos com quem posso contar espalhados por esse mundão!
No meio destas reflexões, entendi que eu tinha mesmo que ter ficado solteira pelo tempo que fiquei. Eu sou muito independente e precisei ver tudo isso sozinha, sempre com diferentes olhares e outros pontos de vista. E agora acho que posso sossegar um pouco e curtir um colinho quente que não faz mal a ninguém.
E ao mesmo tempo em que não me sentia bem, eu parava para pensar que a vida está ótima assim também. Estou vivendo um momento de terapia mesmo. Cuidando da minha saúde, investindo no meu intelecto, dedicando tempo àquilo que realmente gosto de fazer, além disso, conhecendo pessoas, apaixonando-me fins de semanas seguidos.
E tudo isso, sentindo-me livre e tranqüila por poder viver um tempo com o dinheiro que eu guardei.
E a Europa chamando-me de volta. A possibilidade possivelmente possível ao alcance das mãos.
Essa paixão que tenho, essa vontade desenfreada de voltar a viver na Europa é tão forte e vem tanto do coração que paro e penso: se vem do coração, só pode estar certo.

Yo

Sou muitas Elizas. Já fiz coisas diferentes na vida: viajei, me apaixonei, mudei de cidade, de país, de profissão algumas vezes. Trabalhei, trabalhei, trabalhei. Ganhei dinheiro. Larguei tudo aos 30 anos de idade. Caí, levantei, desisti, assumi, dei a volta por cima e nunca – pero nunca – desci do salto. Sou uma mulher como muitas outras que vive nessa São Paulo tão imensa e caótica, buscando felicidade e amor, lutando dia após dia, sem deixar a peteca cair apesar dos perrengues e tropeços. Gosto de literatura, cinema e línguas. Viajar. Alfajor, lichia e vinho. Cozinhar, experimentar e comer. Falo muito, falo palavrão, fumo maconha – apesar do peso na consciência por contribuir com o tráfico –, bebo e adoro sexo. Ando sem religião ultimamente. Acredito em Deus na forma como consigo imaginá-lo e procuro ser uma pessoa boa para o mundo. Minha família e meus amigos são meu maior tesouro. Sou otimista, corro atrás, não tenho medo de arriscar. Mas, também me sinto insegura, gorda, acho que vai dar tudo errado, choro, perco a razão, às vezes. E quem não? Sou inteligente, bonita e já me disseram pós-moderna e até frívola. Tenho mesmo tudo isso em mim, como tantas outras mulheres lindas, independentes e bem sucedidas que há nesse mundo. Este blog é para nós!

L'ouverture

Sempre tive vontade de publicar um blog. Durante muito tempo fiquei sem saber sobre que tema escrever e como escrevê-lo e isso foi atrasando a realização do projeto. Mas, de uma coisa eu sempre tive certeza. Para escrever textos interessantes, que as pessoas tenham vontade de ler e realmente leiam, é preciso escrever sobre experiências genuínas ou com base nelas. Não interessa se os relatos são ficção ou realidade, se são curtos, longos, em prosa ou verso. Não interessa se falam de arte ou de um vestido novo, o que interessa é que a experiência traga algo bom consigo, mesmo se for uma experiência ruim.
Baseada nessa certeza, estipulei para mim mesma, há algum tempo, o compromisso de viver uma vida repleta de acontecimentos dignos de ser contados. Objetivo nada fácil de cumprir, mas que continuará sendo buscado com afinco. Quero aproveitar todo o meu tempo fazendo algo agradável, que me faça bem ou que sirva de aprendizado. Seja um passeio no parque, um bate papo com uma amiga num almoço corrido ou a leitura de um bom livro. O importante é viver cada dia como único, porque cada dia é único. O que importa é somente hoje, amanhã já veremos...
Esse roll de experiências será o pano de fundo das minhas publicações. Aqui se encontrará um pouco de tudo: ficção, vida real, textos longos ou simples frases, fotos ou vídeos. Vai ter alegria, tristeza, desabafo, equilíbrio e desequilíbrio. Vai ter texto inacabado, emails, cartas, fotos, suspiros – espero que muitos suspiros!
Quem não me conhece, vai me conhecer aos poucos ou talvez muito rápido. Há quem diga que sou capaz de contar a minha vida inteira em meia hora. E acho que é verdade.
Não sei ainda qual será a periodicidade de publicação. Haverá publicações antigas, textos escritos há alguns anos, mas muitas vezes a data não será relevante. Além das datas não estarem cronologicamente organizadas, os temas também serão desconexos entre si.
O importante é compartilhar o que estou vivendo e poder contar a história de hoje para quem estiver a fim de ouvir.
Espero que vocês se divirtam e voltem sempre!
Inté.