domingo, 21 de febrero de 2010

Rioterapia - escrito em 10.10.2009

Sentei-me para tentar escrever qualquer coisa sobre a viagem. É engraçado escrever sobre a viagem no momento em que ela está ainda acontecendo.
As viagens para o Rio de Janeiro mudam de matiz de acordo com o tempo, a companhia, o bairro, a droga.
Desde que comecei a vir para o Rio ficar na casa do Pablo o matiz tem sido interessantemente diverso, agradável, curativo de fato. Por isso digo que se chama Rioterapia e também por essa razão tento registrar a experiência enquanto ela acontece.
Ultimamente não tenho escrito muito. Passei uns dias sem entender o que estava acontecendo comigo. Andei meio triste e não era por trabalho, nem por dinheiro, nem por estar me sentindo sozinha. E de repente me vi sentindo falta de ter um homem, um companheiro para dividir a vida e as dívidas. Prazer e momentos difíceis.
Andei pensando muito nos últimos tempos sobre o fato de ter passado a maior parte de minha vida solteira. E o fato é que sempre fiz o que quis na vida, fui atrás do meu coração pedia, enfrentei o mundo. Apaixonei-me várias vezes, em vários lugares do mundo, por meninos e meninas, fiz amor em becos atenienses e barceloneses, com tchecos, argentinos e escoceses. Falei espanhol, inglês, francês. Viajei e conheci pessoas diferentes, com diferentes paixões, opiniões e decisões. Aprendi a ser feliz na companhia de mim mesma e aprendi a cultivar muitos amigos queridos com quem posso contar espalhados por esse mundão!
No meio destas reflexões, entendi que eu tinha mesmo que ter ficado solteira pelo tempo que fiquei. Eu sou muito independente e precisei ver tudo isso sozinha, sempre com diferentes olhares e outros pontos de vista. E agora acho que posso sossegar um pouco e curtir um colinho quente que não faz mal a ninguém.
E ao mesmo tempo em que não me sentia bem, eu parava para pensar que a vida está ótima assim também. Estou vivendo um momento de terapia mesmo. Cuidando da minha saúde, investindo no meu intelecto, dedicando tempo àquilo que realmente gosto de fazer, além disso, conhecendo pessoas, apaixonando-me fins de semanas seguidos.
E tudo isso, sentindo-me livre e tranqüila por poder viver um tempo com o dinheiro que eu guardei.
E a Europa chamando-me de volta. A possibilidade possivelmente possível ao alcance das mãos.
Essa paixão que tenho, essa vontade desenfreada de voltar a viver na Europa é tão forte e vem tanto do coração que paro e penso: se vem do coração, só pode estar certo.

1 comentario:

  1. Querida Eliza,
    Se o teu coração chama, ouça. Sempre.
    A vida se torna mais mágica à medida em que nos apaixonamos. Mas a existência só é mesmo um conto de fadas quando conseguimos nos apaixonar seguidas vezes por nós mesmos. Então tudo se completa, tudo se acalma. Só fica a paz.
    A casa de Pablo guarda esse tipo de sentimento. Como se fosse uma estação termal. Tome algum tempo para dar uns mergulhos de vez em quando. Tome um tempo para estar com você, ouvir a Janis gritar, apaixonar-se pela menina Eliza tão louca quanto Cleo, do Egito. Sempre haverá dois gatos e um bolo de cenoura.

    Do teu,
    Miguel

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